quarta-feira, 23 de março de 2011

20 anos depois ...

Caros,

Nos idos de 1990 eu estudava na Escola Politécnica e achava um saco ...

Eu já tinha o meu Le Baron 81 marrom avelã e tinha aarrumado um novo hobby: comprar peças de Dodge ... não necessariamente para o meu Le Baron, mas qualquer peça interessante e barata ...

Foi naquele ano que conheci meu amigo Julio Berardinelli, na Poli ... Ele também achava a escola um saco, tanto que no ano seguinte nós dois largamos a escola de engenharia e fomos para a FGV ...

Mas naquele ano de 1990 nós passamos a maior parte do tempo fazendo uma única coisa: andando em desmanches, lojas de peças e indo ver carros a venda que nõa tínhamos um puto para comprar ...

Me lembro de algumas vezes que fomos até a Parada de Taipas, estrada velha de Campinas ... Um "pico ermo" como dizia um velho amigo meu, que reunia kilometros de desmanches com centenas de carros ... Tinha muito Dodge ... Mas muito mesmo ...

Lembro de um dia que fomos em um desmanche e o Julio precisava de uma pecinha ridicula, e a achou largada no meio de um carro apodrecendo ... O Julio pegou e foi pedir o preço para o dono do Pica-Autos ... Para nossa surpresa o cara pediu uma fortuna !!!! O Julio agradeceu, disse que não ia ficar com a peça e ia por de volta no carro ... Fomos embora ...

Do lado de fora do desmanche, vejo o Julio agachado no chão, próximo ao muro do desmanche, procurando desesperadamente alguma coisa ... Eu não entendi nada ... Até ele me dizer que tinha jogado a peça por cima do muro e agora a procurava desesperadamente ... kkkk ... Impagável ....

Impressionante o desencanamento que a gente tinha com tudo .... A gente não trabalhava, não fazia porra nenhuma ....  No ano seguinte eu comecei a trabalhar muito e não parei até hoje, mas aquele ano de 1990 foi a nossa despedida da vagabundagem ....

Num outro dia estavamos rodando as lojas da Duque de Caxias ... O Julio tinha um Opala Gran Luxo 72 e toda hora ia numa loja de borrachas cujo cidadão tinha uma borracha de acabamento, sanfonadinha, da alavanca de troca de marchas, colocada num painel de exposição ... Quanto mais o Julio insistia para vender, mais o cara negava ... Por absoluta preguiça de tirar a borracha do painel ...

Naquele dia, ou num outro qualquer que estávamos por lá, entramos em uma loja meio afastada, que não tinha muita coisa .... Mas o cara tinha 4 emblemas Charger originais, 0km, absolutamente lindos, zero e perfeitos ... Eu nem Charger tinha, mas sabia que seria uma peça rara e arrematei as 4 ...

Levei para casa, enrolei cada uma delas cuidadosamente num pedaço de Magipack e guardei numa caixa de sapatos que usava para guardar miudezas dodgísticas ....

Nesta caixa eles ficaram guardados por 20 anos ... Ano passado eu usei 2 no Charger R/T 74 amarelo cítrico e essa semana usamos os outros 2 no Charger R/T 77 branco e vinho ...

É uma coisa muito louca né ? Guardar uma peça por 21 anos e depois efetivamente usá-las ....

O resultado compensa tudo :




Agora meu estoque acabou ... Nos próximos provavelmente terei que usar os da Skill, que por sinal são muito bons ...

Abraços,

Badolato

8 comentários:

  1. Lembrei de uma reunião que participei na empresa onde o assunto era "5s" (ter na área somente o que for usar, jogar fora o que não for usar... e por ai vai)depois de ouvir um belo discurso do gerente, um senhor que já nem trabalha mais lá pois se aposentou levantou e disse: "quem guarda o que não presta sempre tem o que precisa"
    Nunca mais vou esquecer o que esse cara disse e cada dia que passa fico mais convencido que é verdade!
    Tá ai mais um belo exemplo!kkkkkkk!

    PS. Não estou dizendo que os emblemas ou qualquer outra peça não preste!!

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  2. Badola, só faltou dizer que antes de ser do Julio esse Opala Gran Luxo 72 foi meu...Vendi pro pai dele e foi ele mesmo que escolheu a viatura, presente por ter entrado na faculdade, e olha só como são as coisas...Nós acabamos tendo um amigo em comum há mais de 20 anos atrás !!
    Se bobear ele deve ter me dito "tem um camarada colega meu de turma que é louco por Dodges, mas ele só tem um Le Baron bem podre..." Hahahahahaha !!
    Como esse mundo é pequeno, né meu ???
    Abração !!!!

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  3. Bela história. Essa questão de ir ver carros e peças, mesmo estando sem 1 real no bolso, acredito que boa parte dos aficcionados por antigos passaram em algum momento da sua vida. Não deixa de ser uma forma de terapia hehe
    Um forte abraço!

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  4. Badolato, vc é um contador de casos nato! Sei que o volume 2 do seu livro já está pronto, mas pode ir pensando no3 e no 4...

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  5. Esse carro vai ficar um absurdo de lindo!!Essa combinação de branco com vinho é uma das melhores para o modêlo 77!!!!

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  6. Badolato, vida de estudante é realmente muito boa, pena que nessa época o que temos de tempo é inversamente proporcional ao que temos de grana.

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  7. Badolinha, poste fotos dessa epoca de sua vida, epoca da compra do 81 Avela, epoca de caçada a despanches na RJ, claro, se vc te-las;
    abrãços....

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  8. Sobre o carro não há o que falar. Parece que está saindo da concessionária. Impressionante como o vinil e a qualidade das faixas ( e da instalação) definem se o R/T ficou bem feito. Neste caso parece ter ficado de fábrica, uma obra prima mesmo.

    Minhas palavras são para a Poli. Eta lugar infernal! Entrei um ano depois de você, em 1991. E posso dizer seguramente que foram 6 anos no inferno, kkkkkk! Acabei indo até o fim, para hoje ter uma atividade de administrador, rsss....

    E nunca vi um Dodge no pátio da escola, que eu me lembre. Na época eu tinha um gol gl 1.8, devia ter vendido e convertido em uma frota de Dodges! Lembro de um opala salmão, acho que 73, zero. Roubaram na Poli, em 1993.

    Grande abraço, esse carro está ficando uma obra prima. Faixas perfeitas, vinil estupidamente original. Bancos muito bem feitos.

    Abraços!

    Luis Vital

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